quarta-feira, 20 de março de 2024

Implantação de Ceilândia foi o apartheid de Brasília

Implantação de Ceilândia foi o apartheid de Brasília 

Em 1969, capital tinha 14.600 barracos Governo fez campanha contra invasões Famílias foram levadas para as periferias 

Historiador aponta desigualdades sociais ‘JK inaugura a cidade, mas não administra’ ‘Imaginava-se qualidade de vida a todos’ 

Caixa d'água de Ceilândia, símbolo mais conhecido da cidade. A região administrativa surgiu da CEI (Campanha de Erradicação de Invasões) implantada apenas 9 anos depois da inauguração de Brasília Arquivo Público do Distrito Federal Nathan Victor 21.abr.2020 (terça-feira) - 6h00 

Nathan Victor 21.abr.2020 (terça-feira) - 6h00 atualizado: 3.mai.2021 (segunda-feira) - 19h26 

O surgimento de ocupações urbanas irregulares é 1 dos marcos da história de Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960. A construção da nova capital provocou intenso fluxo migratório para o Planalto Central. Milhares de trabalhadores, de todos os cantos do Brasil, resolveram apostar no futuro buscando oportunidades de trabalho na região. Com apenas 9 anos de fundação, a capital federal tinha 79.000 pessoas em situação de pobreza em 14.600 barracos espalhados. Os migrantes chegavam e se e se deparavam com a falta de habitações populares, o que resultou na construção de moradias em áreas desabitadas e em invasões....

No final dos anos 1960, o governo começou a transferir as primeiras ocupações urbanas irregulares para regiões mais afastadas do Plano Piloto –área nobre da capital. Surgia, a partir daquela transferência de famílias, a chamada CEI (Campanha de Erradicação de Invasões), que culminou na criação da região administrativa de Ceilândia. A implantação de Ceilândia se deu em uma história que aproxima o Brasil da África do Sul, no auge do apartheid –regime de segregação racial  e populacional que vigorou no país africano de 1948 a 1994. A ação foi idealizada pela mulher do então governador Hélio Prates, Vera Silveira, que estava preocupada com ocupações irregulares....

O professor Creomar de Souza, que dá aulas de História e de Ambientes e Cenários do Século 21, na Fundação Dom Cabral, explica que foi feita uma campanha de erradicação de barracos resultante da incapacidade de o Estado conseguir abrigar o contingente de pessoas que se mudou para a nova capital imaginando que a qualidade de vida já estaria garantida. “Juscelino Kubistchek foi muito bem-sucedido em transformar Brasília em uma terra de sonhos e oportunidades no imaginário popular”. O problema, segundo o professor, é que criou-se o lema dos 50 anos em 5 de governo, e alimentou-se a ideia de uma.enorme “epopeia”, que fez com que pessoas de todos os lugares do país viessem para a cidade. Segundo Creomar, o crescimento de Brasília provocou a segregação de grupos populacionais por meio de uma “limpa” das invasões que cercavam a área central da capital. “A 1ª iniciativa de planejamento urbano para fazer essa limpa das invasões que cercavam o Plano Piloto e criar uma paisagem mais aprazível foi a construção da CEI”, afirma o professor. 

Uma das consequências da transferência em massa das ocupações irregulares foi o fato de as distâncias se tornarem tão grandes, “talvez o componente mais complexo da vida hoje no Distrito Federal”, diz o professor. O que “torna a vida dos mais pobres mais complexa porque o transporte é ruim e caro”. Os acontecimentos políticos do período imediatamente posterior à inauguração influenciaram as políticas públicas de Brasília. O golpe militar de 1964 foi 1 dos eventos que provocou a ruptura de 1 projeto de menos desigualdade. “Se você conversa com alguns pioneiros, eles dizem que vendia-se a ideia de que no Plano Piloto 1 médico, 1 engenheiro, 1 funcionário público e 1 construtor fossem ser todos vizinhos”, explica o professor Creomar. “JK inaugura a cidade, mas seu grupo político não a administra. Isso é feito quase que no final do governo e já no momento em que falta energia em termos de políticas públicas e dinheiro em algum sentido para avançar. Logo depois disso, o Brasil entra numa fase bastante conturbada do ponto de vista político. Vêm Jânio Quadros, João Goulart, depois o golpe e isso torna a situação ainda mais complexa porque alguns, como o próprio JK, são colocados na ilegalidade do ponto de vista político. Aí fica a questão: o que fazer coma cidade?”, observa o educador. ...

Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/brasil/implantacao-de-ceilandia-foi-o-apartheid-de-brasilia/)
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sábado, 16 de março de 2024

HOTEL BRASÍLIA - CIDADE LIVRE - NÚCLEO BANDEIRANTE


Em19/12/1956 era criada a Cidade Livre, um loteamento com o objetivo de abrigar o comércio (livre de impostos, daí o nome do local) que iria atender os candangos que chegavam para construir a nova capital. Todos os lotes deveriam ser devolvidos à Novacap assim que Brasília fosse inaugurada, pois a cidade seria destruída.

Mas não foi o que aconteceu. O lugar cresceu e ganhou milhares de moradores que reivindicaram sua permanência por ali. E a cidade sobreviveu, mudando o nome para Núcleo Bandeirante, designação que permanece até hoje. Parabéns pelo aniversário!