quinta-feira, 21 de março de 2019







Poemas sobre Brasília

LOUCO ARTISTA 

Louco, devasso artista 
Louras, brancas madeixas
Nao se importe
Que eu me queixe.

Doem os braços, a mão, o dedo,
Cada célula que formou a filha,
Lembra a mãe sábia e perdida,
Na branca Brasília dos anos setenta.

Louca, doida, pelas ruas
Outrora poeirentas, hoje lentas.
Antes eu tinha que ser Malboro,
Agora querem que eu fique lenta,
Vire polenta.

Baixe a rotaçao para este avião,
Quero descer. Me deixem sair deste avião tesão,
Deste avião, tesão.

Maria Coeli de Almeida Vasconcelos - 1998

terça-feira, 19 de março de 2019














quinta-feira, 14 de março de 2019

Poemas sobre Brasília

NOVOS ARES
Crueldade no ar. Os humanos se odeiam.
Gritos do filhos são insuportáveis.
Escuta! Estou escutando. Estou com fome!
Mãe, manhê, manhêêêê ê ê.

Escrevo ainda de insistente que sou.
- Mãe, manhê, manhêeee...
Ó mãe, aí o que eu faço?
- Toma 400 cruzeiros e vai lá no Bobs.

De incongruências e ambiguidades,
vamos vivendo nesta cidade cristalina.
Neste ano mudou o slogan “Brasília capital do Natal”,
vai ser...

A câmara vai ter de novo Mário Covas.
Floriceno Paixão, temperadas por
Saturnino Braga e Miguel Arraes.
Passarei às tardes no congresso como dantes.

Baixo, cabisbaixo, não serei
torta, doente refinféia, firme
seu pé na terra do cerrado
aguarde o apocalipse chegar 

Maria Coeli de Almeida Vasconcelos - 1982





quinta-feira, 7 de março de 2019

Poemas sobre Brasília

O CÉU DE BRASÍLIA

Do alto do meu chão
vejo nuvens escuras
chegando do sul
Negras, rápidas de vento.

Encontram-se com o seco de Brasília,
quente, áspero, livre azul
E sobre o lago fundem-se
nestas chuvas de março abril.

Os carros que zunem são do novo governo.
Não, são o legislativo novato
que não sabe que é sabedoria
cuidar, para não escorregar no óleo.

Das ruas quentes do sol
pingadas constantemente de óleo negro
que é falso e se vocês não sabem, 
vão rodopiar se frear.

É hora do almoço, saída da escola,
chapas brancas esbarram na W3,
gente forte atravessa a rua,
é hora de comer, está na hora.

Carros correm, colegiais sorriem,
calor escorrega pelo corpo,
brasiliense não enxerga um dedo
à frente do seu empinado nariz.

Maria Coeli de Almeida Vasconcelos - 1983