quarta-feira, 26 de abril de 2017

BANQUINHA DA CONCEIÇÃODESPEDE-SE HOJE DO CONJUNTO NACIONAL COM CANTIGAS BOLERÁVEIS

 BANQUINHA DA CONCEIÇÃO DESPEDE-SE HOJE DO CONJUNTO NACIONAL COM CANTIGAS BOLERÁVEIS
Ainda em comemoração aos 57 anos de Brasília, a Banquinha da Conceição, da jornalista e cronista brasiliense Conceição Freitas, mudou de lugar no avião e ocupou a praça em frente do Conjunto Nacional, com uma programação que contemplou nossas mais arraigadas candanguices. oferecendo de réplicas de marmitas dos peões da construção, livros, camisetas até debates sobre a nossa história de construtores desda civilização cerratense. Como tudo que é bom acaba, hoje é o último dia deste programa que oferecerá um fim de tarde musical com o Cantigas Boleráveis e o Bloco do Amor.



RODOVIÁRIA COM ESTRUTURA DA PIRÂMIDE DO TEATRO NACIONAL AO FUNDO



MINISTÉRIOS EM CONSTRUÇÃO NA ESPLANADA


terça-feira, 25 de abril de 2017

Manchete do Correio anuncia mais um capítulo da Brasilíada : Morre a pioneira e ex-professora da UnB Vera Brant, aos 87 anos A mineira de Diamantina chegou a Brasília em 1960 e foi uma das colaboradoras de Darcy Ribeiro na tarefa de criar a Universidade de Brasília (UnB)



A mineira de Diamantina chegou a Brasília em 1960 e foi uma das colaboradoras de Darcy Ribeiro na tarefa de criar a Universidade de Brasília (UnB)Presidente do Brasil Juscelino Kubitschek e Vera Brant


Morreu neste domingo (14/9) a pioneira Vera Brant, 87 anos. Vera lutava contra um câncer na laringe há anos. A ex-docente da Universidade de Brasília vai ser velada em casa, no Lago Sul, na tarde de hoje e deve ser enterrada nesta segunda-feira (15/9) no Cemitério Campo da Esperança, na Ala dos Pioneiros, às 11h.

A mineira de Diamantina chegou a Brasília em 1960 e foi uma das colaboradoras de Darcy Ribeiro na tarefa de criar a Universidade de Brasília (UnB), onde ela deu aula. Conterrânea e confidente de Juscelino Kubitschek, Vera chegou a recebê-lo em sua casa em 1973, quando ele voltou à capital federal depois do exílio. Nos últimos três anos de vida do ex-presidente, era a ela que o político recorria sempre que precisava de um ombro amigo.
Vera trabalhou como empresária no ramo imobiliário. Também era escritora e assinou obras como Ensolarando SombrasCiclotímicaA Solidão dos outros e Carlos, meu amigo querido, que reúne correspondências com o poeta Carlos Drummond de Andrade. O golpe de 1964 foi vivido de perto por Vera, irmã do deputado Celso Brant, com quem morava à época. 

Em entrevista ao Correio Braziliense em março deste ano, Vera lembrou o episódio: "O Miguel Arraes, então governador de Pernambuco, estava em Brasília e disse ao filho José Almino, meu amigo, que gostaria de uma reunião no nosso apartamento com um grupo de políticos para decidir sobre o comparecimento no evento.

Apaixonada por Brasília desde sempre, a pioneira mandou rezar a missa que comemorou os 10 anos da capital, na Igrejinha, e, quando a capital completou 50 anos disse que "JK se orgulharia de vê-la em um dia como hoje”.

Morre a pioneira e ex-professora da UnB Vera Brant, aos 87 anosA mineira de Diamantina chegou a Brasília em 1960 e foi uma das colaboradoras de Darcy Ribeiro na tarefa de criar a Universidade de Brasília (UnB)


Capítulo 1994

Brasilíada

Ext/Dia - Aeroporto do interior - Teco-teco levanta vôo. P&B muda para cor. Boeing adentrando o céu azul de Brasília.

Int/Dia - Boeing - Pedro olhando pela janela a cidade. Voz do comissário de bordo anunciando o pouso em Brasília.

Ext/Dia Imagens aéreas de Brasília

Int/Dia - Flash Back. Pedro e o Diretor da Revista

Diretor- Tudo como você pediu, Pedro. O mesmo apartamento em que sua família morou na Super Quadra Sul 306 está arrumado só te esperando. A imobiliária não teve muito trabalho em negociar outro apartamento para os inquilinos que sua tia colocou lá.Ao chegar ao aeroporto, a jornalista Anita estará te esperando. É uma de nossas melhores profissionais. Agora está em suas mãos escrever a mais completa visão de Brasília que alguém pode produzir. Nossa revista está apostando alto no seu trabalho.

Ext/Dia - Avião pousando no Aeroporto de Brasília
Ext/Dia - Avião estacionado. Na escada de desembarque, Pedro reconhece a intensa luminosidade do Planalto Central. Coloca óculos escuros.Desce.

Ext/Int Dia Na sala de desembarque, Anita vai até o telefone. Disca.
Anita - Alo?..Daniel?...Olha filho, vou me atrasar um pouco....Eu vou...Depois a gente se fala...Almoce sozinho...Chego logo.

Pedro está olhando para os lados procurando sua anfitriãI. Anita aproxima-se dele.
Anita - Pedro?
Pedro = Sim, Anita?
Anita - Eu mesma. Seja bem vindo. Devo levá-lo à sua quadra, 306 Sul não é mesmo?
Pedro - Exato. SQS 306.
Anita- Já esteve aqui?
Pedro - Eu nasci aqui.
Anita - Nasceu aqui?
Pedro - Sim,, quando tudo isso aqui era um imenso cerrado com os primeiros tratores rasgando pistas de pouso e estradas.Mas eu saí ainda menino. Não sei se reconheceria a cidade.
Anita - Claro, mudou muito. Venha, meu carro está no fim do estacionamento.

Int/Ext Dia Carro em movimento. Anita dirige do Aeroporto para a Asa Sul.
Anita - Confesso que não me era muito simpática essa proposta da revista escalar um jornalista de fora para escrever sobre Brasília.Os estrangeiros sempre passam uma visão distorcida da cidade. Mas vejo que seu caso é diferente...Você gosta, quer dizer, você gostava da cidade?
Pedro - Amava ao ponto de sentí-la como minha propriedade. Sair daqui foi um trauma, como um aborto....Um aborto elétrico!
        ( Riem)
Anita - Ah, conhece as bandas de rock daqui?
Pedro - Acompanhei a distância. Me mandaram todos os discos.
Anita - E como foi essa sua saída daqui?
Pedro - Uma longa história.
Ext/Dia - Imagens aéreas do carro percorrendo o Eixo Sul.

Ext/Dia SQS 306. Carro para em frente ao Bloco G.

Anita - Reconhece seu bloco?

Pedro - Está tudo muito mudado. As árvores cresceram. O velho bloco G com seu cobogós. Conserva alguma coisa que me identifica.

Anita - Eles continuam os mesmos desde a construção. Uma ou outra pequena mudança na pintura, nas portarias...Depois de ter ouvido sua história, tenho certeza que esta missão não poderia ter melhor escalação. Estou curiosa.

Pedro - Não quer descer?

Anita - Estou super atrasada. Tenho um outro emprego agora a tarde e vou ter que ver meu filho em casa antes.

Pedro - É casada?

Anita - Divorciada. Como um batalhão de mulheres nessa cidade.

Pedro - A gente se vê na revista?

Anita - Claro, estou lá sempre de manhã. Vou abrir o porta malas.

Ext/Dia O carro arranca. Pedro pega suas malas e se dirige ao bloco.

Int/Ext Dia - Pedro bate à porta do zelador do bloco. Adéle atende.

Pedro - Bom dia, ou melhor, boa tarde. O zelador é aqui mesmo, não?

Adéle - è sim senhor, é meu pai.Ele foi na comercial, tá voltando.

Pedro - (balbuciando) - Foi na comercial...

Adele  - O que o senhor disse?

Pedro - Desculpe, eu vou morar no apartamento 504. Me disseram pra pegar as chaves aqui.
Adéle - Ah, o senhor é o jornalista, né?

Pedro - Sim, parece que estavam me esperando por aqui, não?

Adéle - O Coronel Horãcio falou no senhor a semana inteira.

Pedro - Coronel Horácio?

Adéle - É o síndico do bloco. Ele viajou ontem e deixou meu pai encarregado de atender o senhor. Se precisar de mais alguma coisa, o Mateus que é filho dele tá ai. É no 404, bem debaixo do seu apartamento.

Pedro - Ah, bom.

Adéle - Entra pra esperar.

Pedro - Não, obrigado. Vou esperar por aqui mesmo. Estive sentado durante muito tempo. Vou aproveitar pra esticar as pernas.

Adéle - O senhor veio de onde?

Pedro - Estou vindo de Roma, passei por São Paulo.

Adéle - Longe mesmo. O senhor é de lá?

Pedro - Não, nasci aqui mesmo. Só que morei fora 25 anos.

Adéle - 25 anos? Puxa, eu nem tinha nascido quando o senhor se mudou. Tenho 22...

(O Zelador Inácio se aproxima)   Ah, olha o meu pai ai...Pai, esse é o moço que vai morar no 504.

Pedro -(estendendo a mão) - Como vai o senhor? Eu sou Pedro.

Inácio - 9apertando a mão de Pedro) - Inácio dos Santos, ás suas ordens, sim senhor. Vou pegar as chaves pro senhor. 

Adèle, menina, não ofereceu nem um cafézinho pro seu Pedro?

Pedro - Não, não se preocupe. Eu quero subir logo pra tomar um banho.

Inácio - Vou pegar as chaves. Só um instantinho, se Pedro.

Int/Dia - Apartamento da família de Pedro. A porta se abre. Pedro observa sua moradia. Seu Inácio entra com as malas. Pedro agradece e ele sai. Pedro reconhece o clima do apartamento. Fecha os olhos. Ciranda de vozes e flashes do passado.)

Ext Dia - Kombi de Costura de Dona Santa no estacionamento da Quadra.Dona Santa costura na máquina. Adéle do lado de fora.

Adéle - Mãe, chegou o jornalista que vai morar no 504.Nossa! É um tipão!Bonitão!Charmoso! O perfume era um cheiro que eu nunca tinha sentido.

Dona Santa - É mesmo, filha?E ele não é casado?Não tem filho?

Adéle - Ah, isso não deu pra saber.Ele chegou sozinho. Bateu lá em casa procurando o pai,Educado, só a senhora vendo.

Dona Santa - E o seu pai atendeu ele bem?

Adéle - Atendeu! Ajudou ele a levar as malas e tudo.

Dona Santa - Bom assim.

Adéle - Ah, arrumou meu vestido, mãe?

Dona Santa (Com carinho e prestativa) - Tá aqui...Vê como ficou o cerzido, não dá nem pra notar.

Adéle -´Ficou ótimo! ...Mas, hei mãe. quando eu vou ganhar um novo?

Dona Santa - Você tá vendo como estão as coisas. A prestação do lote subiu de novo este mês, não vai sobrar nada pra coisa nenhuma. Se você conseguisse pelo menos um emprego de vendedora como daquela vez, podia comprar um pano bom que eu fazia um vestido igual aquele da revista que você gostou;

Adéle - Eu vou conseguir um trabalho.

Dona Santa - Tá procurando?

Adéle - É..tô!

Dona Santa - Dona Santa - E onde você vai que precisa botar esse vestido? Quando você coloca ele, já sei.

Adéle - É uma festinha do pessoal do coral. O Mateus também vai. Vamos canyar uns números.

Dona Santa - Só vai o pessoal da igreja?

Adéle - É...é...

Dona Santa - Cê sabe, seu pai....quando você sai e ele não fica sabendo, eu é que aguento.

         Mateus para de carro em frente à kombi

Dona Santa - Olha o Mateus.

Adéle (indo até Mateus) - Oi Mateus!

Mateus - Vamos ensaiar?

Adéle - Vamos! Tô louca pra ensaiar esse repertório.


Int/Dia - Apartamento de Pedro.

          Pedro acorda de suas lembranças. Abre uma mala e retira sua velha máquina de                 escrever e a coloca sobre a escrivaninha. Observa-a com nostálgica ternura. Abre a             outra mala.

Int/Dia - Quarto de Luísa. Luísa fecha uma mala. Iolanda está arrumando as outras.

Luísa - Pronto, esta está completa. Nessa outra vão os casacos. Só dois. Vou renovar todo meu guarda roupa em New York...E depois organize o necessaire na ftasqueira.

Iolanda - Sim. senhora!

Luísa - Deixa eu descer porque senão Mercedes e Ondina vão se embriagar.

Iolanda - Bem, frasqueira é isso aqui, agora necessér...


Int/Dia - Sala da mansão de Luísa e Humberto. Mercedes e Ondina estão à mesa do chá.

Mercedes - Para de beber Ondina. Não vá dar vexame.

Ondina - Eu sei beber, Mercedes. Não se esqueça que é você que é fraca pra beber.

Mercedes - Como se já não bastasse essa humilhação de vir num chá de despedida da outra que vai para New Yor city(com deboche e despeito), seria denais aguentar seu papo de bêbada.

Ondina - Eu não acho humilhação nenhuma. Somos as melhores amigas de Luísa. É natural ela convidar a gente para um chá de despedida dela. Não sei porque você não aceita a posição da Luísa.

Mercedes ´Você já tá dizendo besteira. 9Enche o próprio copo de uísque) Para de beber, Ondina. 

Ondina - Depois sou eu que vou dar vexame. Esse já é seu terceiro copo.

Mercedes - Que destino escroto! Eu nunca consegui pisar em Nova Iorque. E meus pés só foram feitos pra pisar no primeiro mundo.

Ondina - Se você quiser eu posso botar as cartas pra ver se você ainda vai pisar no primeiro mundo. Te cobro bem baratinho!

Mercedes - Ah, vai botar carta pros trouxas lá da sua pensão Mãe Ondina da Bahia.

Ondina - Mão me desmereça, heim. que eu revelo seu futuro.

Mercedes (batendo na mesa) - Sai pra lá, encosto.

             Luisa entra e vem se sentar com elas

Luisa - As malas já estão prontas. Vamos poder conversar a vontade. Me desculpem queridas,prometo que não vou mais abandonar vocês.Pelo que vejo, vocês estão mesmo preferindo o bom e velho chá inglês engarrafado.

Ondina - Eu tô bebendo uísque, mas eu quero levar esse chá de verdade, você me dá?

Luísa - Claro!Pode levar a caixinha, olha, é tão decorativa!

Mercedes - Ondina, para com isso! Imagina Luísa, que a Ondina resolveu fazer uma peça de teatro lá no clube que ela frequenta. Ela está fazendo o papel de uma morta de fome e agora vive ensaiando em qualquer lugar.

Luísa - É mesmo, Ondina?

             Humberto entra interrompendo a conversa

Humberto - Boa tarde!

Mercedes e Ondina - Boa tarde!

Ondina - Humberto, você está cada vez mais elegante. Eu sempre te achei um grande homem.

          Mercedes enfia um biscoito na boca de Ondina

Luísa - Você não veio almoçar, querido?

Humberto - Aproveitei pra adiantar o expediente. Vou ficar com você até sua partida.

Luísa - Não é demais esse meu marido?

Humberto - Vou descansar um pouco. Com licença!

Luísa - Querido, diz pra Iolanda desce rpra guardar as compras. Tinha me esquecido disso.

           Humberto sai

Mercedes - Você já foi fazer compras hoje?

Luisa - Eu não, imagina. O Seu Antônio pega a lista e compra todo mês. 


Int/Dia  Corredor dos quartos. Ouve-se a voz de Iolanda cantando. Humberto vem pelo corredor e entra no quarto


Int/Dia -  Quarto. Iolanda cantando arrumando a frasqueira. Humberto entra.Iolanda para de cantar.

Humberto - Olha que bela voz.

Iolanda - Desculpa Seu Humberto.Estava distraída.

Humberto -Luísa pediu pra você descer.

Iolanda - Sim senhor!
          
               (Vai saindo.Volta-se.Ele já está tirando o paletó)

Iolanda - Seu Humberto?

Humberto - Sim.

Iolanda - Desculpa eu incomodar o senhor com isso, mas é que a Dona Luísa me pediu uma coisa que eu não estou sabendo. Acho que francês...Ela me pediu pra organizar o necesser  na frasqueira. Eu não sei o que é necesser...

Humberto -  É frescura...

Iolanda - Frescura?

Humberto - Essa mania de afrancesar tudo. É o necessáriio, as coisas mais usadas pela pessoa , pente, escova, chinelo.No caso da Luisa esse monte de maquiagem e creme que ela usa.

Iolanda - Ah, tá.! Então é isso.Depois eu arrumo.Deixa eu descer. Obrigado. Com licença.

Iolanda sorri e sai. Humberto fica tocado com aquela cena


Do lado de fora, um funcionário está descarregando centenas de produtos da compra para levar a despensa da casa. Ondina e Mercedes observam da sala.

Ondina - Meu Deus, você tem certeza que sobrou alguma coisa no supermercado pros outros comprar? Você trouxe tudo!

Luisa - Não, isso é apenas o básico.

Mercedes (puxando Ondina)   Senta aqui Ondina!

Luisa - Deixa ela, Mercedes! Ondina sempre foi a mais divertida de todas nós.

Mercedes - Uma palhaça, isso sim!

Ondina (sentando se a mesa) - Com isso tudo ai eu abria um armazém!

Mercedes - Pronto, falou a Cidade Livre!...Desculpa, Luísa, afinal a origem da fortuna do seu marido foi justamente a Cidade Livre, mais específicamente naquela sapataria!

Luisa - Abençoada origem. Você não imagina como isso nos orgulha. Humberto é muito ligado as suas raízes!

Mercedes observa Iolanda com Francisca organizando as compras e levando pra despensa.

Mercedes - Ah, aquela sua empregada imponente.

Luisa - Iolanda!? Foi mandada por Deus. Falta advinhar meus pensamentos.

Mercedes - E aquela outra?

Luisa - É Francisca, uma amiga de Iolanda que chegou do Maranhão. Está aqui com ela até arrumar trabalho. Pessoa muito boa! Aliás, se eu não tivesse arrumadeira, eu contratava ela. Mas já estou com meu quadro completo.

Mercedes (com uma ponta de ironia) - Quadro completo!


Int/Dia Cozinha. Iolanda e Francisca.

Iolanda - Você viu aquelas duas? Tão parecendo dois gambás de tão bêbadas.

Francisca - Esquisito, né? Beber desse jeito assim em dia de semana.

Iolanda - São duas mortas de fome. Quando vem aqui faltam pouco assaltar a geladeira, a despensa. Levam as bolsas cheias.

Francisca - Mas elas não são ricas?

Iolanda - Sei lá que diabo essas mulheres são. Só sei que quando elas vem aqui comem e bebem até não poder mais.

Francisca - Que coisa!

Dinair, a copeira, entra.

Dinair - Dona Luísa não gosta de conversa na cozinha.Você bem sabe disso, né Iolanda? E ainda por cima conversando com essa aí que tá aqui de favor.

Iolanda - Então, se é assim,Dinair, é melhor você calar sua boca, intrujona. Ninguém te chamou aqui. Porque não vai ajudar a trazer as compras?

Ext/Dia - No jardim, Luísa coloca as embriagadas Mercedes e Ondina no carro. Despedem-se. Luisa faz recomendações ao motorista. 

Mercedes - Vou trazer presentes, queridas!

Ondina - Eu estou precisando demais de um casaco de vison.

Mercedes (empurrando Ondina) Entra logo!...Boa viagem! Um abraço no Fernando!Seu filho sabe bem o que é bom. Morar e estudar em Nova Iorque, bem longe disso aqui.


Int/Dia Apartamento 404

Tia Nanú frente a TV

Tia Nanú - Socorro! Meu controle! Você pegou meu controle!

A TV mostra cenas de culinária

Tia Nanú - (falando com a TV) Essa sua receita é uma lambança! Onde já se viu misturar carne de porco com abacaxi. Vá pegar umas aulas com aquela senhora que faz programa de tarde. Aquilo sim é que pode ser chamado de arte culinária.

Na sala, Mateus e Adele estão ao piano tentando ensaiar. Recomeçam uma música

Tia Nanú - Socorro! Meu controle! Deixa eu dar um jeito nessa danada aqui. Socorro!

Socorro - Já tô aqui!Já tô aqui!

Mateus - Socorro,por favor, leva a Tia Nanú lá pro quarto que a gente tá tentando ensaiar.

Socorro - Calma, ná galera! Socorro é pra todos mas eu sou só uma. Quero protestar contra o meu desvio de função aqui nessa casa. Eu fui contratada, veja bem, pra acompanhante, segurança de uma senhora idosa cega. Notem bem: acompanhante segurança  de senhora idosa cega, não de empregada doméstica. Eu sou formada em Educação Física. Curso superior, galera!

Mateus - Socorro, colabora! Quando meu pai voltar você resolve isso com ele. Mas por favor, leva a Tia Nanú lá pro quarto que a gente quer ensaiar.

Tia Nanú - Cadê meu controle, Socorro?

Socorro = Tá no quarto, Tia Naná! Vem, vamos levar a TV pra lá!

Socorro desliga a TV e sai empurrando

Tia Nanú - Ah, não, eu não quero ir pro quarto. Vou receber o moço da notícia agora. Eu quero é o controle pra acabar com essa lambança de porco com abacaxi.

Socorro - O Mateus e a Adele querem ensaiar.

Tia Nanú - Ensaiar o que?

Socorro - Música. Vem, vamos indo!

Tia Nanú vai tateando a parede.

Tia Nanú - Música! Se for aquilo que estava me estrovando escutar a porcaria da receita. Cadê os hinos da igreja, heim Mateus? Aquele que segura na mão de Deus.

Mateus - Temos que prepara esse repertório o mais rápido possível. Quando meu pai chegar, não vai dar mais pra ensaiar aqui.Viu? Até a Tia Nanú sabe que a gente não está ensaiando as músicas da igreja.

Adéle - Vamos continuar. Tá faltando pouco!

Recomeçam o ensaio


Int/Dia Corredor do bloco. Mercedes e Ondina saem do elevador e caminham em direção ao apartamento.

Mercedes - Você tinha que dar vexame. Precisava trazer o chá?

Ondina - Ela me deu. Porque não haveria de trazer?

Mercedes - Você não percebe que isso te diminui mais ainda perante ela? E o que ela quer é justamente isso, sempre colocar a gente como plebe precisando da madame socialite

Ondina - sabe quando eu ia poder tomar desse chá se ela não me desse?Nunca! Olha a latinha que gracinha! Serve até como porta jóias.

Mercedes - Ai meu Deus, se cafonice fosse contagiosa eu tava perdida. Eu dou um desconto porque você está bêbada.

Ondina - Bêbada, eu? Você é que está em - bri a ga-da. pensa que eu não vi você esponjando uns cinco copos calibrados, né?

Mercedes - Eu misturava com água. Você estava bebendo à texana.

As duas dão de cara com Pedro que está saindo de seu apartamento. Observam-se estáticos.

Pedro - Boa tarde!

As duas - Boa tarde!

Mercedes - O senhor é o novo morador?

Pedro - Exatamente. Estou acabando de chegar

Mercedes - Se precisar de alguma coisa, eu moro naquele apartamento do fundo. Meu nome é Mercedes!

Pedro(algo surpreso) - Mercedes!

Mercedes - Mercedes Maria Cavalcanti Lousa.

Ondina - E eu sou Ondina. Mãe Ondina da Bahia. Leio cartas, mãos, jogo búzios.

As duas começam uma torrente de colocações egocêntricas.Pedro se distancia.


Imagens P&B.As duas jovens em 1968 naquele mesmo corredor. O menino Pedro passa correndo por elas que se alvoroçam.

Mercedes - Moço, moço! Como é mesmo seu nome?

Pedro (voltando) Ah, sim, como?

Ondina - Seu nome?

Pedro - Pedro.

Mercedes - Precisando de mim, estou às ordens. É só bater lá em casa.

Pedro - Claro. Assim, sem querer abusar. A senhora poderia me dizer qual a forma mais fácil pra se conseguir uma arrumadeira, copeira? Como se diz?

Mercedes - Empregada.Doméstica. Mucama. Já sei o que você precisa. Falou com a pessoa certa. Eu tenho a cidade nas minhas mãos. Vou resolver seu problema já, já. Amanhã no máximo já terá a sua serviçal em casa.

Pedro - Agradeço.

Ondina - De onde você veio, Pedro?

Pedro - Goiânia. Eu vim de Goiânia.

Ondina - Olha, pra você que tá chegando, uma dica quente. Saiba o que o destino te reserva nesta cidade planejada. Tá nas linhas das suas mãos. É só me procurar. Leio mão, cartas, búzios, tarô cigano, egípcio, runas, tudo. O futuro e a solução dos seus problemas é comigo mesmo. E como você é novo por aqui, vou cobrar bem baratinho.

Mercedes vai puxando Ondina

Mercedes - Seja bem vindo. Pedro. Até mais! Vamos, Ondina!

Ondina - Vamos marcar um chá. Eu tenho um chá inglês ótimo, aqui ó!

Pedro permanece perplexo observando-as

Ondina - Ai, me larga!

Mercedes - Depressa, senão eu mijo nas calças.

Ondina - Eu não estou com sua bexiga, poxa. Eu já estou fazendo isso sem dramas.

Mercedes - Nojenta!

Entram no apartamento. Pedro permanece estático.


Int/Dia Apartamento de Mercedes. Rebecca e Bruno estudam em uma mesa. Mercedes e Ondina correm para os banheiros.

Ondina - Eu quero ir no banheiro também.

Mercedes - Pra que? Você já não fez nas calças?Vai no de empregada que combina mais com você.

Ondina - Antipática! 

Ondina segue pra área. Mercedes tromba com Kadú no corredor.

Mercedes - Kadú, espera aí que eu preciso falar com você.

Kadú - Agora não dá, Kadú está de saída. Carlos Eduardo tem um compromisso social.

Mercedes - Tem quinze dias que eu não te vejo, menino. O que você anda fazendo?

Kadú - Bussiness! Bussiness!

Mercedes ´O que?

Kadú - Não é da sua conta, tchau! Tchau, maninha careta!Tchau priminho bolha! Me esqueçam!Pra todos os efeitos vocês não me viram.Eu não existo.

Kadú sai. Rebecca fecha os livros.

Rebecca - Acabou Bruno. Não dá mais pra estudar aqui.Daqui a pouco minha mãe vai começar a encher o saco. E ainda com a Ondina de lambuja. Dose dupla.Depois a gente passa essa matéria.

Bruno - Precisa não.

Rebecca - Como não precisa, Bruno?Você tá dançando em Embriologia. Isso não é moleza não, primo. Se não dançar, dança mesmo. Ainda mais com aquele professor carrasco que reprova com prazer.

Bruno - Tô de saco cheio com Embriologia Geral, me dá vontade de vomitar com essas matérias todas. Eu não nasci pra ser médico, Rebecca.

Rebecca - Vou fazer de conta que nem estou ouvindo isso. Não quero ser cúmplice dessa heresia. Se Tia Hortência pelo menos sonhar em imaginar a suposição de que você fazendo corpo mole no curso que ela mais deseja que você se forme. Ah, eu nem sei.Conhecendo sua mãe como eu conheço, Bruno, acho que ela ia morrer

Bruno - Bem que a gente podia trocar de mãe. Você ia ser a doutora que minha mãe queria ter como filha.

Rebecca - Tá. E você seria filho da minha mãe que nem o Kadú? Projeto de marginal soçaite, vagabundo, traficante.

Bruno - Que nada, prima. Ia aproveitar a liberdade que vocês tem de ser o que querem pra ser um músico profissional com uma banda sensacional.

Rebecca (pegando um estetoscópio e dando a Bruno) - Taí. Toma seu microfone.

Bruno - Puxa Rebecca, deixa de ser cruel.Minha mãe pirou com isso aqui, comprou um estetoscópio. Uma coisa que so se usa no final do curso.

Rebecca - Ai que fome.

Bruno - Vamos pra cozinha assaltar a geladeira.

Rebecca - Cai na real, Bruno. Na geladeira aqui de casa só tem água da torneira e olhe lá.

Bruno  - Vocês continuam sem grana?

Rebecca - O que é que você acha?

Bruno - Mas o vovô não dá uma grana todo mês pra Tia Mercedes?

Mercedes (surgindo intempestiva) - Aquele miserê? Aquilo não dá nem pro táxi, menino. Vocês é que vivem lá no bem bom, o salário altíssimo da Hortência de funcionária do Senado, dois carros na garagem, a pensão do Juca. Aposentadoria da mamãe e do papai. Nós aqui estamos passando a pão e água.

Ondina - Não seja por isso, hoje tem chá inglês. Chique, não?

Mercedes - Você de novo, não. Olha Ondina, alguma coisa me diz que tem um monte de abestalhados te esperando pra ler a mão lá na sua pensão. Xô!Xô!

Ondina - Mas de jeito nenhum. Eu não saio daqui sem tomar um chazinho com você.

Mercedes - Eu devo estar pagando algum pecado, não é possível.

Ondina - Não precisa nem de açúcar.

Bruno - Vamos lá no Truc's. Depois eu te trago de volta.


Ext/Dia  Debaixo do bloco. Mateus e Adele. Kadu se aproxima vindo da portaria.

Kadú - E aí?Preparados pro show de hoje a noite?

Adele - Fala baixo. Ninguém pode ficar sabendo disso aqui.

Kadú - Pô, é mesmo. Me esqueço que tem marcação dura em cima de vocês. Mas não se preocupem, com o Kadú aqui como empresário só vai pintar parada legal. Pode acreditar. Seguinte, vou cumpri um social agora, mas logo à noite eu tô lá no bar pra presenciar a grande estréia da dupla. Nãos esquece da minha comissão, heim galera?
Adéle - Tá. Tchau!

Kadú pega sua moto e sai.

Mateus - Esse negócio de ter que se relacionar com esse cara não me agrada de jeito nenhum.

Adéle - Ah, Mateus, ele tem muito contato na noite. É só até a gente se enturmar com o pessoal.

Mateus - Meu pai não pode nem ver a gente conversando com ele.

Adéle - Nem o meu. Vou te contar, nunca vi cara mais amaldiçoado na quadra do que esse Kadú. Mas o que vale é que ele arrumou nosso primeiro bar pra cantar.

Mateus - Engraçado, tô sentindo aquele friozinho na barriga.

Adéle - Eu também.

Int/Dia Cozinha . Apartamento de Mercedes.À mesa, Mercedes e Ondina avançam ao mesmo tempo sobre a última torrada.

Mercedes - Tira a mão da minha torrada. É minha!

Odina - Mercedes, olha a educação, afinal eu sou visita! 

Mercedes - Que visita, que nada! As torradas eram minhas!

Ondina - É, mas eu ofereci o chá.

Mercedes - Esse maldito desse chá fez foi me abrir mais o apetite. Acabei esquecendo de comer lá no chá da outra.

Ondina - Também, com scotch rolando, vou lá me lembrar de comida? Agora é que bateu a fome. A gente devia ter trazido uns pratinhos de salgados e doces. 

Ondina levanta-se e abre a geladeira que está totalmente vazia.Apenas uma solitária cenoura murcha na imensidão refrigerada.

Ondina - Gente, mas não tem nada mesmo....E pra que essa cenoura murcha?

Mercedes - Pra enfiar no seu rabo, sua bisbilhoteira. Onde já se viu ficar abrindo geladeira assim na casa dos outros?....Ai Ondina, você me obriga a ser grosseira, chula...Coisa que eu não estou acostumada a ser na minha vida.

Ondina - Desculpa Mercedes, eu não sabia que a situação estava assim. Olha, eu não tenho tanta coisa lá em casa, mas quando você estiver com necessidade, passando fome, me procura. Amiga é pra essas coisas.

Mercedes - Ondina, se eu não soubesse de que buraco você saiu, eu já tinha te jogado pela janela. Você acha que algum dia eu vou botar meus pés naquele seu cortiço cheio de paraíba fedorento e piranha suja?

Ondina - Não fala assim do meu pensionato. è uma casa de respeito com vibrações positivas.

Mercedes - Uma casa de tolerância, radevú. cabaré de cego

Ondina - Você é porque não tem ido lá. Eu fiz mudanças, minha filha. Coloquei todos os quartos pro fundo e na parte da frente está a minha sala de consultas esotéricas.

Mercedes - Quer dizer, a sua sala de pilantragem pra enganar os imbecis que acreditam nas suas baboseiras, né sua caloteira?

Ondina - Mercedes, pra que essa agressão toda? Você nunca foi assim comigo.Aliás, só quando a gente vai nos chás da Luisa é que você fica com essa raiva.

Mercedes - E não me fala daquela outra. Eu quero mais é que o avião dela caia, exploda.

Ondina - Mercedes, a Luísa é nossa melhor amiga.

Mercedes - Amiga da onça, isso sim. Ou você não vê que ela faz isso tudo só pra nos colocar no chão, abaixo de tudo. Os tenta toda aquela riqueza do novo rico e nem quer saber como estou vivendo, se os meus filhos estão sendo bem educados.

Ondina - Mas sempre quando ela te pergunta como vão as coisas você sempre diz que Mercedes Maria está melhor do que nunca. Que sua filha faz medicina na UnB, que seu filho é um grande empresário. É certo que Rebecca passou na UnB pelos méritos próprios e luta sozinha pra fazer o curso de medicina, mas Kadú é empresário de que?

Mercedes - E você acha que eu vou dar esse prazer a ela, o prazer de me oferecer ajuda?Pra me humilhar mais ainda?

Ondina ´- Ah, pois empre quando ela me oferece alguma coisa, eu não penso duas vezes.

Mercedes - Você não tem história......Ah, deixa pra lá!

Ondina - Fico pensando, porque é que eu já não tinha essa minha capacidade de ver o destino naquela época? Eu ia evitar o seu casamento com o Afonsinho. Mas quem diria que aquele moço tão fino ia acabar com toda a fortuna da família no jogo e na bebida e te deixar assim com dois filhos pra criar?

Mercedes - Quem diria também que aquele pé rapado do Humberto ia se tornar um dos homens mais ricos do Planalto Central? 

Ondina - É, mas estava tudo nas cartas. Eu é que não sabia ler.

Mercedes - Analfa e beta era o que você era e é até hoje, além de pilantra caloteira.

Ondina - Ah, nem!

Mercedes - Não consigo nem meu emprego de volta! Parece vudù.  Minha geladeira aqui vazia e você viu?  A despensa dela é um supermercado.

Ondina - Aquele tanto de empregado!

Mercedes - Ih, por falar nisso, eu fiquei de arranjar a empregada pro novo vizinho. Que gato! Tenho que ter ótimas relações com ele. Vou ligar pra Luisa antes dela sair.

Ondina - Você vai chamar ela pra ser empregada dele?

Mercedes - Deixa de ser burra, Ondina. O álcool afeta seus miolos além da conta. Não lembra da moça que está lá na casa da Luísa procurando emprego? Vai ser bem simpático dar essa ajuda a ele. Ele me pareceu um oceano de possibilidades.


Int/Dia  Jardim da mansão de Luisa e Humberto. O motorista coloca as últimas malas no porta malas. Luisa conversa com Iolanda e Francisca.

Luisa - Não se esqueça então de procurar a Mercedes amanhã. Ela me disse que você vai trabalhar com uma ótima pessoa. Até breve!

Francisca - Boa viagem Dona Luisa!

Luisa - Iolanda, minha casa está em suas mãos. Eu sei que você vai cuidar muito bem de tudo.

Iolanda - Pode deixar comigo, Dona Luísa.

Humberto - Luisa, depressa, já está em cima da hora.

Luisa despede-se dos outros empregados. Entra no carro com Humberto. O carro sai. Os empregados se dispersaam. Iolanda e francisca ficam paradas.

Francisca - Que bom, né? Deus ajuda que dê certo esse emprego. 

Iolanda - Vai dar sim.

Francisca - Vou aproveitar agora e passar minha roupa.

Francisca sai. Iolanda tira o avental, joga no chão e sai cantarolando pelo jardim.

Int/Ext Dia Restaurante Panorâmica da Torre de TV
Festa. Lançamento do Empreendimento Imobiliário Plaza Malu

VT Publicitário em computação gráfica sobre o empreendimento 15''
Malú Lara Me
ndonça batiza a maquete com champanhe. Aplausos. Flashes. Marcelo Rada abraça Malu posando para fotos. 

Aurora Rada e Elzinha Lara Mendonça

Aurora  - Nossos filhos formam um lindo casal.

Elzinha - Já podemos antever a beleza dos netos que vamos ter em breve. Malu diz que quer os filhos o mais rápido possível. Se não conseguir o casal  com os dois primeiros vai tentar o terceiro. Faz questão de ter menino e menina. 

Aurora - Ela -e bem mais animada que nós, não é mesmo? Não fomos além da experiência do filho único.

Elzinha - É, mas os netos agora vão completar essa lacuna.

Aurora - E como estãoos preparativos do casamento?Olha, se precisar de ajyda, Elzinha, eu estou a sua inteira disposição.

Elzinha - Nem se preocupe. Ainda falta um mês para o casamento e já está tudo arrumado. O João Batista contratou uma assessoria muito eficiente.

João Batista Lara Mendonça conversa com Otávio Rada e seu filho Marcello Rada junto a Maquete do Malu Plaza.

João Batista - Agradeço vocês por essa homenagem a minha filha.. Vai dar sorte para o empreendimento.

Otávio - Não tenho dúvida, senador!

João Batista - Candidato, meu amigo Otávio. Senador só depois das eleições e se eu conseguir me eleger.

Otávio - Mas isto está muito claro. As pesquisas não mentem. O seu cacife é fenomenal, senador!

João Batista  - É, estamos trabalhando sério pra isso.

Otávio - Meu amigo Lara Mendonça. Já fiz umas consultas e estou sabendo que o terreno contíguo a este que vamos construir é de sua propriedade.

João Batista - É uma das minhas duas últimas projeções no Setor Hoteleiro Norte. Devemos construir lá no ano que vem. Minha assessoria tem estudado as possibilidades do mercado. Por enquanto vai ficando como está.

Otávio - O senhor devia estudar a possibilidade de participar desse nosso projeto Plaza Malú, já que vamos ser vizinhos e agora com os laços de parentesco. Que tal o Plaza Malu II?

João Batista - Mas esse projeto de vocês é único. Não vejo Plaza Malu II. E ademais, minha assessoria vem desenvolvendo um extenso trabalho para apresentar um bom projeto inovador para o local.

Otávio - O senhor não venderia a projeção?

João Batista - Não tenho interesse nenhum. Quero completar minha ocupação na cidade com um grande projeto. (Dirige-se a alguém que passa) - Olá meu amigo, como vai? Já conhece o meu futuro genro, não?

Apertos de mão. Os Rada ficam vendidos em meio a popularidade de Lara Mendonça. Otávio puxa o filho à parte.

Otávio - Você tem que dar um jeito nesse seu sogro. O homem não quer nem saber de conversa sobre o terreno. É bom você conseguir logo uma negociação antes que descubram que o Plaza Malu vai ser construido só no ar.

Marcello - E o que eu vou fazer, pai?Rachar a cabeça dele e colocar lá dentro que ele tem que nos passar o terreno do jeito que a gente quer?

Otávio - Você vai casar com a única filha dele.Vai ser pai dos netos dele. O homem é dono de um monte de projeções nessa cidade. Não é possível....

Marcello - Pai, vamos discutir isso depois. Não vamos estragar a festa.

Otávio - Que festa? Pra mim isso já se transformou numa tortura social.

Otávio cumprimenta outro empresário. 
Marcello vê Kadú chegando. Vai até ele.

Marcello - Isso é hora de chegar?

Kadú - Tudo tem seu tempo, meu camarada. A hora de chegar era essa mesmo. Ou você quer que eu vá embora?

Marcello = Deixa e babaquice. Trouxe a parada?

Kadú - Da melhor e muito bem servida. Como sempre,ná? Já te estraguei as narinas alguma vez?

Marcello - Vamos lá no banheiro. Quero saltar fora desse clima rapidinho.

Kadú - Pô, pensei que aqui tava pra você.

Vão se esgueirando parra o banheiro. Antes, Marcello pega um prato na mesa.


Banheiro.Marcello e Kadu. Marcelo fecha a porta.

Marcello - Depressa, prepara ai.

Kadu prepara a Cocaína no prato para Marcello.

Marcello - Deixa au te dar um toque. Lá fora a gente não se conhece. Meus pais estão ai, minha noiva, os pais dela.Aproveita a festa e não me crie problema.

Kadu - Não tem problema com tanto scoth rolando, meu amigo.Tremenda boca livre.

Marcello cheira as carreiras de pó.


Int;Ext Dia Cenas colunáveis do lançamento Malu Plaza. Marcello sai do banheiro com ar prepotente e vai cumprimentando todos com ar superior. Kadú sai logo depoi e já ataca a primeira bandeja que passa. Marcello junta-se a Malu, abraçam-se e beijam-se. Observando a cena do outro lado, Kadu fica boquiaberto ao notar Malu e sua semelhança física com Adéle. Anda entre os convidados, para, olha de novo para Malu.Permanece com ar estupefacto.

Int/Dia - Redação de TV. Anita entra na sala do Chefe de Reportagem.

Anita - Onde está o Décio?

Marta - Chegando atrasada Anita?Ou está adiantada pra amanhã?

Anita - O que você está fazendo aqui?

Marta - Mudanças gerais na estrutura, meu bem.O Décio foi promovido e eu também.Eu sou a nova Chefe de Reportagem.

Anita - O que?

Marta - Senta. Quero comunicar as novas regras e posições do nosso delicioso jogo profissional jornalístico.

Anita - Eu não acredito. Esse pessoal deve ter ficado maluco. Deixa eu procurar minha equipe.

Marta - Aproveite bem hoje por que é o último dia que você cobre Planalto.A partir de amanhã você estará cobrindo cidade.

Anita - O que?

Marta - Meu Deus, eu nunca vi você tão monocórdica.Só sabe falar o que, o que....Precisa se reciclar, meu bem.Por isso que eu acho que cobri cidade vai ser ótimo pra você.Trocar aqueles corredores de palácio tão entediantes pela energia pulsante das satélites.

Anita _ Você está brincando. Cidade?Eu vou sair do Planalto pra cobrir cidade?

Marta - É, Ci - da - de!!!!  Taguatinga, Gama, Ceilândia, Samambaia. O que é, meu bem? Já esqueceu da geografia em que você está inserida?   Tá vendo? Mais uma confirmação de que tomei a decisão acertada.

Anita sai desnorteada;
.

Ext/Dia Marcello e Malu no carro

Malu - Meu amor, já decidi a nossa lua de mel.

Marcello - Ah, é? E pra qual paraíso eu vou com minha Eva?

Malú - Marcello, a gente não vai poder viajar muito mesmo. Você com o empreendimento, eu terminando o curso. Aí eu tive pensando da gente só passar uns dias na casa de veraneio que temos no Araguaia.

Marcello - É mesmo?

Malú - Você falou que eu podia escolher. Lá pra mim é um lugar super especial. Vivi muitos momentos incríveis. É lindo e tem tudo. Tranquilo. Não vou dividir você com nenhuma outra atração porque a gente vai estar quase sozinho.

Marcello - Quem sou eu pra apresentar uma opção melhor? Tudo está em suas mãos, meu amor.

Malú - Eu sei que minha mãe vai ficar um pouco decepcionada com essa opção. Ela imaginava uma viagem internacional. Mas eu acho que a gente ia se cansar mais do que aproveitar.

Marcello - A gente programa uma viagem maior quando tudo tiver mais folgado pra nós. Aí vamos fazer amor nos quatro cantos do mundo.

Malú - Vai ser demais.(Beijam-se) - Vamos descer?

Marcello - Ainda tenho que passar no escritório.  Amanhã venho almoçar com vocês. Te ligo mais tarde.

Beijam-se.

Int/Noite Dependências de empregados da casa de Luísa e Humberto. Francisca e Iolanda conversam.

Francisca - Pronto. Já tá tudo arrumado. Amanhã eu vou bem cedinho.

Iolanda - Não, muito cedo não. A tal da Mercedes deve dormir até tarde.

Francisca - Umas nove horas, será?

Iolanda - É, por aí. Vou tomar meu banho.

Iolanda vai para o banho. Francisca deita-se encabulada.

Flash Back - Lembranças de Francisca.Sendo seviciada pelo pai. O pai batendo nos filhos.Francisca pegando uma mala e saindo da casa simples. Francisca chegando a Brasília.

Francisca sentada na cama chorando. Iolanda entra.

Iolanda - O que foi Francisca?

Francisca - Nada, só tô com saudade de casa.

Int/Noite - Apartamento de Pedro.Ele arruma livros. A TV está ligada num telejornal. Anita entra ao vivo do Palácio do Planalto. Pedro se interessa.Anita diz que ainda volta ao vivo. Pedro sai apressado.

Int/Noite Apartamento de Mercedes.Ela abre. É Pedro.

Mercedes - Olá. Olha, já arranjei sua empregada. Amanhã de manhã ela vai estar aqui.

Pedro - Muito obrigado, mas eu queria te pedir era  um outro favor.

Mercedes - Diga.

Pedro - Eu queria chegar agora no Palácio do Planalto pra encontrar uma jornalista amiga minha que está fazendo uma cobertura lá. Você sabe se qualquer pessoa pode ir lá?

Mercedes - Depende!

Pedro - Ela está numa transmissão ao vivo de lá.

Mercedes - Ah, deixa comigo. Vou com você.


Int/Noite Bar. Adéle e Matheus começam a apresentação.

Ext/Noite Frente do Palácio do Planalto. Anita e sua equipe se preparam para entrar no carro da reportagem.

Pedro - Anita!

Anita volta-se e fica surpresa ao ver Pedro ali.

Int/Noite Bar,Adéle e Matheus se apresentam. Marcelllo e Kadu chegam. Marcello senta-se em uma mesa e fica estático de surpresa ao conferir a semelhança de Adele com Malú.


Capítulo 4


Int/Ext Noite Bar Beirute

Anita, Pedro e Mercedes chegam ao Beirute. Mercedes forçando popularidade, sorrindo pra todo mundo.

Mercedes - Com licença, gente. Enquanto vocês arrumam uma mesa, vou conversar com meu amigo deputado que está ali.

Sai acenando pra Deus e o mundo.

Anita - Que figura mais exótica essa sua amiga. Você conhecia há muito tempo?

Pedro - Sim, mas ela não sabe. Ela é do tipo que te ajuda mesmo que você não queira. Fui perguntar a ela como se chegava lá onde você estava e ela já se dispôs a ir comigo, uma solicitude sem fim.

Anita - Você pelo menos não vai ter problema quanto à isso.

Pedro - Desculpa ter sido tão ostensivo indo procurar você em horário de trabalho.

Anita - Que nada, eu já tinha terminado. E também estava precisando de uma saída assim. Passei por nuvens carregadas hoje. Estou enfrentando problemas na TV, em casa com meu filho.

Pedro - Se eu puder ajudar.

Anita - Já me ajudou estando aqui comigo.

Pedro - Então esse é o velho Beirute.

Anita - Achei que seria legal você conhecer, ou melhor, reconhecer, né?...esse espaço. É um lugar muito característico de Brasília. Um a tradição da cidade que sobrevive a todos os modismos. Vem, desocupou uma mesa ali.

Vão para a mesa.

Na mesa do Deputado, Mercedes está animadíssima.

Mercedes - Então, o senhor escapou do relatório final da CPI, deputado?

Deputado - Águas passadas, minha cara. Eu agora sou um homeme novo que baseia sua ação política no tripé honestidade, trabalho e ....

Mercedes - (interrompendo-o) - Mas isso não vai impedir do senhor continuar promovendo aquelas suas festas maravilhosas, não é mesmo?

Deputado - Sim, mas agora elas serão mais discretas e em menor número. Vou preferir frequentar festas que promovam para minha pessoa.

Mercedes = Tenho certeza que não faltarão promoteurs para isso, deputado!

Deputado - Ainda hoje havia perguntado pela senhoraa.

Mercedes - Ah, é mesmo?Pra quem?

Deputado - Sua cunhada Dona Hortência, uma de minhas melhores assessoras. Esqueceu-se de que ela trabalha comigo?

Mercedes - Sim, ele é de carreira na Câmara. Mas Deputado, eu lhe garanto que com a Hortência é com quem o senhor senhor conseguirá menos informações sobre mim. Quando quiser saber de mim, conversar, é só meligar. Eu já lhe dei meu telefone.

Deputado - Claro!Claro! Mas é que a Dona Hortência havia me dito que a senhora estava passando por dificuldades desde que perdeu o seu emprego público.

Mercedes - Imagine! A Hortência deve estar louca! Ela acha que ter um emprego público é tudo no mundo. Eu de minha parte, garanto ao senhor que aquele presidente maluco me fes foi um grandessíssimo favor me dispensando. Eu nunca precisei daquele salário. Sou uma mulher de tradição, o senhor sabe.Nunca me faltou nada nesta cidade.

Deputado - Disso eu não tenho dúvida. E pode contar comigo pra tudo que precisar.

Mercedes - É muito bom saber disso. (Para o garçom) Bartô, outro uísque!



Int/Noite Bar. Adéle termina de cantar uma canção. Sai do palco. Matheus continua ao piano. Adéle vai ao balcão  e pega um copo de água com limão. Kadú aproxima-se.

Kadu - Adele, quero te apresentar alguém que está louco pra te conhecer.

Adéle - Quem é?

Kadu - Um empresário, Adéle. Puxa, garota, você tem uma sorte danada. Logo no primeiro dia, heim?

Na mesa, Marcello espera. Matheus toca piano mas acompanha Adele com o olhar. Kadu leva Adele até a mesa de Marcello.

Kadú - Adéle, esse é Marcello Rada.

Marcello - Adéle, estou encantado!

Adéle sorri meio sem jeito.



Int/Ext Noite Bar Beirute

Mercedes completamente bêbada faz uma exuberante performance na mesa do deputado. Levanta-se, senta na mesa, beija o garçom, etc, etc, etc. Pedro e Anita observam da mesa em que estão.

Pedro - A crueldade do tempo e a ironia do destino formam uma dupla fatal.

Anita - Uma frase interessante. Tem a haver com nossa amiga?

Pedro - Não a queira ter como amiga. Conserve-a sempre como uma conhecida em que você de vez em quando poderá se esbarrar.

Anita - Seja lá qual for o tipo de relacionamento que se pode ter com alguém assim, uma coisa é certa, deve ser no mínimo curioso.

Pedro - Um dia eu te explico tudo, mas agora eu prefiro que você continue me falando da cidade.

Anita - Onde é que eu estava mesmo?

Pedro - A campanha negativa que fazem contra Brasília.

Impressionam se com uma gargalhada de Mercedes

Anita - É...Aqui é meio impossível da gente esgotar um assunto completamente, você já percebeu, né?

Pedro - Esse comportamento parece ser comum aqui no bar, não?

Anita - Faz parte da fauna humana que o frequenta. Mas como eu estava dizendo, a cidade é o universo das relações e contradições brasileiras reproduzidas aqui. E essa pecha da cidade corrupta não tem nada a haver com o povoque mora aqui, que construiu, que constrói a cidade. Gente que trabalha e nunca nem cruzou com um político sequer. A corrupção desembarca aqui vinda de avião procedente de todo o Brasil. Vem legitimada por votos em todos os estados, principalmente naqueles em que existe um certo tipo de eleitorado que detrata Brasília. A corrupção deixará de existir em Brasília quando todo o país deixar de eleger corruptos e mandar pra cá. A cidade, na verdade, é um modelo de vida urbano que permite uma ótima qualidade de vida.


Int/Ext  Bar. Marcello e Adéle na mesa. Matheus toca piano e Kadu no balcão.

Marcello - Não tenho dúvidas de que estou diante de uma grande estrela da MPB.

Adéle - Que isso!

Marcello - Não é verdade. Você não tem consciência do seu potencial, Adéle?

Adéle - Eu procuro me aperfeiçoar sempre. Mas daí a ser uma grande estreala como você diz....

Marcello - Você acaba de entrar em meus planos, Adéle. Eu vou investir na sua carreira. Você vai gravar o seu disco, não só um, vários....sim.Conte comigo.

Adéle - Que legal! Vou te apresentar o Matheus.Ele sempre me acompanha.

Marcelo - Não Adéle.Eu vou investir em "sua" carreira. Amanhã vou estar aqui pra gente conversar mais. Que horas você termina de cantar?

Adéle - Eu não canto amanhã.

Marcello - Melhor. Assim a gente pode acertar todos os detalhes da sua carreira. Vou te esperar as 10 aqui, pode ser?

Adele - Tudo bem. Agora eu tenho que voltar. Até amanhã.

Marcello - Não sei como vou sobreviveer até lá sem ouvir a sua voz.

Adéle sai da mesa algo impressionada. Um estranho brilho habita os olhos de Marcello.


Ext/Noite  Um ponto alto de Brasília de onde se vislumbra a cidade iluminada.Anita no carro com Pedro.

Pedro - Obrigado pela viagem.Não poderia ter uma cicerone melhor que você.

Anita - Acho que já estou pautando as minhas emoções pras matérias que vou ter que fazer na TV de hoje em diante. Agora eu sou apenas mais uma repórter de cidade.

Pedro - E isso não é bom?

Anita - Encarando pelo lado da evolução profissional equivale a despencar do topo para a base da montanha. Mas não sei, você me trouxe um novo ânimo com esta sua curiosidade de 25 anos depois. Sabe que você é uma ótima matéria de cidade?

Pedro - Nem pensar. Publicidade alguma faz parte dos meus planos. Mas quanto a isso de ter te trazido um novo ânimo. Que tal a gente falar mais sobre isto?

Anita - Não se anime.O enfoque é apenas profissional. Já tenhho complicações suficientes na minha vida. E por falar nisso, volta a realidade, preciso dormir, amanhã cedo tenho trabalho.

Pedro - Puxa vida, falei a palavra que quebra encanta sem saber.

Anita funciona o carro.

Ext/Noite Debaixo do bloco. Adéle e Matheus.

Mateus - Você não me falou quem era aquele cara com quem você conversou tanto no bar.

Adele - Estava elogiando a gente. Ele gostou muito.

Mateus - Até agora estou sem acreditar que a gente fez um show num bar.

Adele - Pois eu vou dormir feliz sabendo que começou bem a nossa carreira na noite.

Mateus - Você estava magnífica. Vê se tem um lugar pra um pianista nos seus sonhos.

Adele - Você já está lá meu amigo.

Mateus -(em clima de paixão)- Adele...

Adele - Até amanhã, Mateus. Estou morta de sono.

Mateus - Boa noite, Adele.

Mateus observa Adele se afastando. Ela tira os sapatos para entrar em casa sem barulho.

Mateus - (suspirando) - Boa noite, meu amor!

Ext/ Noite Bloco. A luz do apartamento de Mateus se apagando. A luz do apartamento de Pedro continua acesa.


Int/Noite Apartamento de Pedro.

Pedro sent-se à sua velha máquina de escrever. Reflexivo, coloca as mãos no teclado. Começa a datilografar. O barulho do velho teclado ecoa por todo o bloco. Em instantes, latidos de cachorros. Gritos de moradores pedindo para parar com o barulho. Pedro para um pouco, depois continua.O telefone toca. Batidas na parede. Ele atende o telefone. Ouve palavrões. Fica perplexo.

Ext/Dia Lindo Amanhecer em Brasília.

Int/Dia Apartamento do síndico. 
Tia Nanú e Mateus.

Tia Nanú (gritando) - Socorro, corre lá na janela pra você contar quantos peões foram mortos. A GEB metralhou gente a noite inteira. Já não bastava aquele massacre na Pacheco Fernandes com tanto peão morto e agora eles vem repetir tudo de novo.Pelo rebuliço que eu escutei de madrugada, a GEB dessa vez matou uns quinhentos. Cê num assuntou não, menina? Assunta lá fora, conta quantos peões eles estão arrastando nas caçambas.

O telefone e a campainha tocam enquanto Tia Nanú fala. Socorro vem atender o telefone