domingo, 28 de janeiro de 2024

 



A NOVELA DE BRASÍLIA - PESQUISA DE ARTE E TEXTO YAMIL E SOUSA DUTRA

Deixem-me contar esta estorinha para vocês: Foi nos desditados anos de ferro! Em 1968 para ser mais exato. Lá ia eu caminhando pela W3 Sul em direção à CTJ, que ficava na 510, onde eu dava aulas de inglês sob o comando restrito da agora falecida e "assustadora" Miss Switt. No caminho encontrei alguns colegas da UNB que dirigiam-se para a CTJ, não para estudar, mas para fazer uma manifestação anti-americana. Caminhamos juntos por algumas quadras. Eu entrei para dar minhas aulas e o grupo ficou do lado de fora gritando suas palavras de ordem contra o Tio Sam (sempre culpado de tudo). Passaram-se alguns dias. Eu estava na biblioteca da UNB quando Da. Arilda (lembram? foi a secretária da UNB por muitos anos) chegou toda emocionada para informar que um major do Exército tinha deixado uma intimação na secretaria para que eu me apresentasse no Ministério para uma "entrevista". Sendo filho de deputado cassado, esperei pelo pior. Avisei a amigos, a família no sul do Brasil, alguns políticos amigos de meu pai e também a Miss Switt, que passou a informação para a Embaixada dos EUA. Lá fui eu, na manhã seguinte, para ser "entrevistado". Fui encaminhado por um cabo para uma sala num dos andares superiores do Ministério. Sala simples, com uma mesa metálica duas cadeiras e, sobre a mesa, uma espécie de lâmpada dirigida diretamente para minha face. Do outro lado um coronel. Perguntou com a rispidez usual de quem "manda e não pede" se eu era quem eu era, se estudava na UNB, se meu pai era um deputado cassado, se morava na Asa Norte, se trabalhava na CTJ. Sim, sim, sim, sim! respondi meio cego com a luz (acho que 200 watts) nos meus olhos. A seguir, o tal coronel passou uma pasta cheia de fotos, fotos minhas, tiradas por alguém na UNB, numa das nossas famosas reuniões de protesto nos Dois Candangos; caminhando na Asa Norte; caminhando com os colegas da UNB na W3 Sul nas proximidades da CTJ; entrando na CTJ; saindo da CTJ. Parece que para filme fotográfico não faltavam recursos do regime, mas giz nas escolas das cidades satélites, onde eu dava aulas à noite, isso faltava. Mas continuando, o coronel aponta para as fotografias e vai dizendo onde teriam sido tomadas e que muito bem demonstravam minha presença. Sim, sim, sim, sim! Era eu mesmo, que mais podia dizer!? Aí então o coronel fez meu dia! Levantou-se e com o olhar mais "tremendão" que podia fazer e com uma voz que caberia muito bem num daqueles discursos histéricos que o Hitler fazia em Berlim, disse: "Estamos seguros de que você é um espião duplo! Vemos que mantem contatos com grupos de estudantes e com a Embaixada dos EUA!" Tive que rir, mesmo meio deslumbrado pela luz. "Eu, espião duplo? Pois coronel, devo ser tão bom espião que nem eu sabia! Tenho que agradecer a informação que o senhor me passa!" O pobre homem quase me atira a mesa pela cara! Deu um soquetão tão forte na mesa que a lâmpada saltou e espatifou-se no chão. Depois acalmou-se um pouco, em meio ao escuro, e ainda gritando me disse: "Saia já daqui e lembre-se que o estamos vigiando dia e noite!". Estávamos mesmo muito mal cuidados naqueles tempos. A sorte é que os inimigos do Brasil eram ainda mais imbecis!  

Gramado, Rio Grande do Sul 
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6 de junho de 2013

    Essa eu achei no fundão do baú! Com pintas de nobres (hahaha!) na piscina do Iate, em dezembro de 1962, quando meu primo, "Bochecha" Madrid, e eu viemos fazer o vestibular na UNB. Lá atrás estava a sede que, mais tarde, virou a boite do Iate. Lugar que nós quase derrubávamos dançando Pata-Pata. (Nota: sou o da esquerda)
    Comentários
    Regina Ferreira
    bela foto!
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    Aurea Monteiro
    E o vestibular, passou?
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    Yamil E Sousa Dutra
    Sim passei, em segundo lugar em Direito! O primeiro lugar foi o querido e falecido amigo Vinicius Pimenta da Veiga! Meu primo não passou, mas depois fez vestibular no RS e é um excelente advogado e dono de cartório em Santana do Livramento.
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    Aurea Monteir Parabéns!!! Bela foto...


    O que está ficando claro nesta “brincadeira” de lembranças, é que muitos locais e serviços poderiam ser restabelecidos e ter uma grande clientela!! Fiquei admirado com a quantidade de gente que havia estado e lembrava, por exemplo, do restaurante/churrascaria da represa do Paranoá! Se fosse recriado e modernizado, certamente atrairia fregueses!
    Garanto que vai ser a minha última, mas realmente trata-se de uma pesquisa científica!!
    Quem dos madurinho(as) aqui do grupo acampou às margens da Lagoa Feia em Formosa, GO?
    Eu não acampei na lagoa feia , mas acompei muitas vezes na lagoa formosa que é em Brasilinha!
    5 a
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    Altamiro Severino Maia Severino Maia
    Muitas vezes, é linda apesar do nome ser lagoa feia.





    Ana Regina
    Kkkkkkk eu tinha amigos em Formosa.
    5 a
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    Evaemilia Pesso Branco Castelo
    Nossa muito gostávamos de ir no domingo cedo fazer pic nic

    Diz que é brasiliense, mas nunca entrou de “contrabando”,no porta-mala da mãe da namorada, em festinha do Iate-clube!


    Monica Cocus Fui mto às festas do iate mas nunca no porta mala . Meu tio levava a gurizada toda

     Lembro que depois que meu pai foi cassado (1964) e tivemos que viver por um tempo com o dinheiro que conseguíamos com a venda de nosso móveis, não sobrava dinheiro para pagar mensalidade de clubes. Nesse período eu entrava no Iate dentro do porta-mala do carro do pai de minha namorada. A gente vivia uma vida plena! Pata-pata!
    🙂