segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Vamos lembrar de toooda a historia?? ou quase








Vamos lembrar de toooda a historia?? ou quase 
🙂
No início tudo era mato....
No Lago Sul só havia um único comércio: o Centro Comercial Gilberto Salomão...
Quando a gente se mudou pra QI 13 conj 1, era difícil até pra comprar pão. Mas era tranquiiiiiilo. Bons tempos.

Aí veio o início dos anos 80, e começaram a construir um pequeno comércio na QI 11, ali pertinho... e, claro, o povo logo apelidou o lugar carinhosamente de Gilbertinho, em referência óbvia ao Gilberto Salomão.

Mas lá no inicio dos anos 80 havia uma única lanchonete chamada Papos e Panquecas do Otávio Farias, que era tranquila, ponto de namorados e famintos. Ficou lá solitário por uns 3 anos. Lembro de um show da banda Pôr do Sol e acho que Tellah do amigo Denis Torre. Era um deserto aquilo....
Mas Brasília sempre teve as ondas migratórias das multidões da noite.. Acho que a primeira foi na 302 Sul, na Kibom. Depois vieram as aglomerações no Food´s, no Ginga na 104 e o famoso bobódromo do Gilberto Salomão... Era efeito boiada mesmo (sem teor político aqui 🙂

Em 1981, no tal Gilbertinho, surgiu um outro barzinho chamado Madrugadas (ponto de quem curtia um rock anos 70) e, mais tarde vieram outros: em julho de 83, a Trampo Choperia (do Renan, ex-boite Cheval), onde rolava uns showzinhos e som do DJ Bonfá, o Barzinho (do dono Rui, onde Zélia Cristina, depois Zélia Duncan, tava sempre cantando por lá, além de uma dupla de gringos que ficou famosa lá na época: Adam e Claire), o Algum Lugar do Ramon Coelho e Ronaldo e que era cheio de posters de filmes e atores (Marilyn, Chaplin..) e também o Vice-Versa, onde o Pôr do Sol também batia ponto e o Milton Guedes ja era requisitado pelas meninas nos seus 15 anos. Ah ainda teve a First Creperia...
Ah.. logo apareceu a primeira boite/Club/Discoteque chamada de Calle Rouge, do Francisco Moraes, acho que no mesmo ponto que viria a ser um multiplicador de casas.

Pois bem.. aquilo virou uma das maiores aglomerações que já se viu em Brasília!!! E a manada descobriu o Gilbertinho!! Chamaram no Correio Braziliense de "Invasão" a multidão que tomou conta de lá.

E, loucura, não havia estacionamento nenhum.... era um caos! Gente e carro pra todo lado. Sem policiamento, sem regras de trânsito.
Em Março de 1984 já havia guerra entre moradores da região e donos de bares, pelo ruído dos bares e insegurança.
Surgiu um restaurante então, o Abaeté, de comida baiana.
E em 28 de agosto de 1984, inaugurava com show da sensancional banda de jazz Artimanha, uma boite que marcaria época: o Grog (ou Grog´s no início), que, apesar do começo da decadência do Gilbertinho, seguiu por um bom tempo ali onde hoje está o Dom Romano.
O GDF finalmente se mexeu e começou a urbanizar o lugar, enxendo de quebra molas e construindo imensos estacionamentos... Mas era tarde. Sem estrutura, sem estacionamentos, sem segurança e com essas obras atrapalhando, no final do ano de 1984, o Gilbertinho entra em total decadência e a manada descobria outro point: A comercial da 205/206 com a Pralinè, a Summer Sorveteria e uma roda de samba num restaurante chamado Hora do Almoço (mas aí é história pra outro dia).

O engraçado da história é que quando terminaram a urbanização do Gilbertinho, ele já era novamente um deserto! Estacionamentos amplos totalmente vazios. Só restou bravamente o Grog que ficou sozinho lá no ano de 1985..

Mas aí é que fica melhor ainda! Nesse ano de 1985, onde funcionava o Calle Rouge, o Osvaldo, dono do lendário New Aquários monta o Le Club. Mas não vingou muito nesse ano. Ali também apareceu um botequinho peba chamado de Arco Íris.

Em janeiro de 1986, o Le Club, mal das pernas, passou a ser procurado pela turma roqueira alternativa para festas alternativas. Punks, Darks, góticos, fotógrafos, artistas alternativos, modelos.. o Underground de Brasília, uma turma ainda pequena de roqueijos passou a se reunir ali todos os finais de semana para ouvir no sonzinho tosco do boteco as músicas que curtiam: Echo & The Bunnymen, Smiths, Cure, Siouxsie&the Banshees, Gang of Four, Sex Pistols.....
Lá sempre encontrava meus colegas da segunda geração do rock: Finis Africae, Escola de Escândalo, Detrito Federal, 5 Generais (eu), Arte no Escuro, Peter Perfeito, Elite Sofisticada.... uns "de menor" que depois viriam a ser atores globais, banda Raimundos, Djs, humoristas...
Mente quem diz que a lua é bela e que Renato Russo e os outros Legiões viviam lá.. Nunca os vi. Algumas vezes encontrei o pessoal do Capital e Plebe.. Essas bandas já estavam morando no eixo Rio/SP.
A turma foi crescendo.. agregando novos roqueiros com o boom do Rock Brasília. A playboyzada também invadiu novamente o local. A turma ficava mesmo no barzinho que um dia incendiou, reformou e reabriu com o nome de Rainbow. Esse sim o grande point do Rock de Brasília.Mas até o underground se cansa e muda de lugar. A turma depois foi parar na 402/3 Sul (Bizarre/Gate´s Pub), Zoom, ZonnaZ, Top21, e a playboyzada se mudava para um tal Carangueijo na 115/116 Norte, e mais tarde, no final dos 80 e início dos 90, o Gilbertinha tinha nova onda com as boites Ópera, do Ronaldo, Otávio. e, depois, Scaramouche, com a entrada do Sérgio na sociedade, tudo no mesmo local onde era o Le Club. Já lá onde era o Grog, também apareceram outros locais, lembro do Republika.
E no final dos anos 90, com o fim da Scaramouche e todos os outros, o Gilbertinho ficou no limbo novamente.
Um dia passei lá à noite e encontrei um amigo, Arthur, que tinha aberto um barzinho, mas não ia ninguem, só alguns amigos dele. Zero Bar com uma boitezinha no subsolo. "Pô, velinho.. bora fazer umas festinhas aqui?!" haha.. comecei a fazer umas festas no Zero e bum, o Gilbertinho explodiu novamente.
Teve ainda o Bombastic Club do lendário Marcão Adrenalina. Durou bastante tempo essa onda do Zero, mas a vizinhança implicava com o ruído das bandinhas... e o Zero virou Dom Romano (em, em cima, o Sushi Brasil). Mas a boitezinha no subsolo se manteve como Orange, já nos anos 2000 com muita música eletrônica e os ótimos djs de Brasília até que em 2005-2007 a turma do rock (outra geração, claro) tomou conta novamente do Orange com as festa do dj Jvc (este que vos escreve) e o inesquecível Montana. E fim.. haha.. cansei.
Houve mais coisas que são citadas nos comentários.. mas a história é mais ou menos essa aí..

Fotos do Lula Marques do Calle Rouge em janeiro de 1984
Foto minha do Zero Bar
Foto de Adam e Claire no Barzinho em 1984
Divulgação do Opera e Scaramouche

Se copiarem o texto que deu um trabalhão escrever, citem eu como autor. Grato. :)))

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